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CABANA  PURUNGA

Leia  o texto sobre a Cabana Purunga
ouvindo a música da época. Assista também o vídeo que é uma homenagem ao idealizador da Cabana Purunga. O Ciane.
         
            Música: Rose Garden

A Cabana Purunga fez parte de nossa história e tornou-se um dos principais eventos da nossa juventude, talvez o mais ousado, como mostraremos em uma história inusitada que será contada a seguir. A ideia da construção da Cabana Purunga foi do fundador da Banda UH, Luciayne Barcelos Bastos (Ciane - In memorium). A cabana foi construida em julho de 1971, na cidade de Nova Venécia-ES, por um grupo de jovens que buscavam criar alternativas de diversão durante as férias escolares do mês de julho daquele ano. 

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A Purunga foi  construída utilizando bambu - formando as paredes laterais - e foi coberta com palha de pindoba (mais detalhes no texto).  Ao todo, entre o início e o término da construção, levamos  12 dias: ela foi inaugurada no dia 13 de julho.

A seguir, faremos uma retrospectiva para relembrar as etapas da idealização da Cabana Purunga, sua construção e sua inauguração - evento marcante para a época, que aconteceu no dia 17 de julho, num baile abrilhantando pelo conjunto Edson Quintaes, de Vitória, considerado na época o melhor conjunto musical do Estado do Espírito Santo. Descreveremos, também, como foi ao final das férias e o desfecho melancólico da desmontagem da Cabana. 

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HISTÓRICO  DA  CABANA 


PURUNGA

Os anos 60 e início dos anos 70 foram efervescentes na história da música nacional e internacional, onde diversos grupos musicais surgiram, dentre eles podemos destacar alguns movimentos: No Brasil surgiram movimentos como a Jovem Guarda, Bossa Nova e a MPB -- Música Popular Brasileira. No Cenário internacional surgiram diversos grupos de Rock In Roll, dentre eles podemos destacar  The Beatles e Rolling Stones. A música sempre esteve muito presente na nossa família e com o evento do casamento de Ciane e Goia, ela se tornou mais intensa. Pois o Ciane tinha um pré-disposição imensa quando se tratava de música e liderava movimentos em prol da música. Juntando-se a isso, o dom do meu irmão Paulo para a música, a criação de um grupo musical foi só uma questão de tempo. Por outro lado, a tolerância do Tio Zeno com relação aos excessos por vezes cometidos pelo grupo, foi fundamental para que se criassem lá em casa um ambiente propício  para encontros musicais.

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República


Beco de Nancy


540 Fundos



 

A nossa república estudantil, situada na Rua Graciano Neves, Nº 540, no Centro de Vitória, também era conhecida como Beco de Nancy, 540, Fundos, pois a casa  fora construída nos fundos de um terreno. Essa casa era dividida em duas casas independentes, geminadas, sendo que na parte da frente ficava a nossa república - a república do pessoal de Nova Venécia - e, anexa à nossa, ficava a república do pessoal de Itaperuna, Estado do Rio de Janeiro e de Castelo-ES. E foi ali que teve início a história da nossa lendária Cabana Purunga.

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Nós costumávamos frequentar, nos finais de semana, as festas que eram realizadas no Clube Álvares Cabral, que ficava, na época, perto do Teatro Carlos Gomes, nas imediações da Praça Costa Pereira. A banda que costumava tocar nos bailes era a Banda do Edson Quintaes, considerada, na época, a mais famosa do Estado. Edson Quintaes, o principal integrante da banda, tocava teclado magnificamente e era sempre uma atração à parte. Além de tocar na banda, Edson Quintaes trabalhava na Vale - CVRD - Companhia Vale do Rio Doce e, coincidentemente, o Ciane também trabalhava na Vale. Aí, vocês já podem sentir a primeira conexão entre os dois, mostrando que, na vida, nem sempre as coisas acontecem por acaso: além de os dois trabalharem na Vale, ambos eram muito ligados em música..

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Pois é: o marco inicial do histórico da Cabana Purunga, aconteceu na República 540 Fundos, quando Ciane, ao retornar no final da tarde da Vale, comunicou-nos que iríamos construir a Cabana  e que isso seria feito durante as nossas férias de julho em Nova Venécia:  ele já estava em tratativas com Edson Quintaes para contratar a banda. Lógico que, pegos de surpresa, ficamos meio sem saber o que dizer. Conversa vai, conversa vem, ele foi explicando os planos para construção da Cabana e que já tinha até um local em vista. E, após termos ouvido as argumentações dele, resolvemos concordar com a ideia de construção da Cabana Purunga. Inclusive, ele já tinha em mente que o local seria o terreno do Dr. Osmar de Oliveira Filho que ficava, na época, ao lado do restaurante Caiçaras, depois Churrascaria Brazão, pertencente a um personagem muito conhecido da sociedade veneciana, o Cizino. Todos os que viveram em Nova Venécia naquela época sabem o local; no entanto, nem todos que irão ler, principalmente a nova geração, devem ter ideia de onde a mesma foi construída. Vou explicar: a Cabana foi construída na Av. Vitória, no local onde fica, hoje, a papelaria Paganotto e umas duas a três lojas ao lado dela.

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Acredito que não tivemos nem tempo de pensar que isso seria uma loucura, cheia de riscos envolvidos, pois erámos todos, na época, meros estudantes, e o único que trabalhava era o Ciane. 

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Uma das argumentações do Ciane fora a de que ele bancaria a construção da cabana; já o valor contratado com o conjunto Edson Quintaes seria pago com a venda de mesas e ingressos da festa. De qualquer forma, após termos tomado essa decisão, não tínhamos mais como voltar atrás, pois o contrato assinado com a banda previa multa por rescisão contratual.

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Olá! 

Vamos rever um pouco da
história da  Cabana Purunga? 

Ciane




SEQUÊNCIA  DA HISTÓRIA


 




DA CABANA PURUNGA


Vamos, agora, resumidamente, ao histórico da construção da cabana, obra toda idealizada por Ciane e que teve diversos capítulos:


1 - Os bailes a que íamos em Vitória eram no Club Álvares Cabral, que ficava no Centro da cidade, nas proximidades do Teatro Carlos Gomes e da Praça Costa Pereira. A maioria dessas festas era abrilhantada por um famoso conjunto da época, o Conjunto Edson Quintaes.


2 - Ciane era o único da nossa república que trabalhava. Ele trabalhava na Vale do Rio Doce, onde também trabalhava o Edson Quintaes. Essa pode ter sido a principal conexão entre os dois, por trabalharem na Vale e serem fissurados em música. Imagino que tenham conversado e, dessa conversa, tenha surgido a ideia de construir uma cabana em Nova Venécia e levar a banda do Edson Quintaes para um baile.

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3 - O Delírio

 

No final de tarde de 1971, chegou Ciane na República, que ele batizara de "Nancy 540 Fundos", e nos disse: 'Pessoal, escutem aqui, nós vamos fazer uma Cabana em Nova Venécia e vamos levar o Conjunto do Edson Quintaes!"

 

O conjunto do Edson Quintaes, todos nós já conhecíamos, mas essa outra parte de construir uma cabana e ainda levar uma banda famosa pegou-nos totalmente de surpresa e, inicialmente, surgiram muitas interrogações em nossas cabeças, principalmente como isso seria feito por um grupo de estudantes.


Aí, diante de nossa surpresa, ele emendou que não nos preocupássemos com dinheiro (não tínhamos mesmo que nos preocupar, pois não tínhamos esse negócio chamado dinheiro, éramos estudantes duros), só que tínhamos sonhos, e ele continuou falando: "Fiquem tranquilos porque eu vou bancar  a construção da cabana e o dinheiro para pagar a Banda do Edson Quintaes, virá do dinheiro que será arrecadado na festa!"


4 - Sim - perguntamos -, e onde você vai fazer essa cabana?


 - Deixem comigo! Eu vou conseguir o terreno que fica ao lado do Restaurante Caiçaras.

 

Isso, ele rapidamente resolveu com proprietário do terreno, famoso advogado da época, Dr. Osmar de Oliveira Filho.

 

Certo dia, chegando da Vale, ele nos disse que já havia conseguido a liberação do terreno com o Dr. Osmar e que este havia aceitado os seus argumentos, concordando em emprestar o terreno. Sendo Dr. Osmar  um conhecedor das leis e suas implicações, não deve ter sido uma tarefa das mais fáceis convencê-lo a ceder o espaço. O importante é que ele concordou e nos cedeu a área.

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5- Definido o terreno, teríamos que ser bem ágeis na construção da Cabana, pois o conjunto fora contratado para tocar no dia 17 de julho de 1971 (isso, lógico, num dia de sábado). Como as nossas férias começavam em primeiro de julho, teria que ser uma obra bem rápida, para cumprir o prazo estipulado pela contratação da banda. pois nós tínhamos, no máximo, duas semanas para concluir a construção.

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6 - Como já mencionamos, A banda do Edson  Quintaes fora contratada  para tocar na Cabana Purunga no dia 17 de Julho de 1971. Essa data era um marco importante, pois tínhamos em mente que deveríamos concluir a construção da cabana bem antes desse dia, para dar tempo de eventuais ajustes que fossem necessários para o grande evento do dia 17 de julho. No decorrer desta história, vocês irão ver que tivemos que fazer um grande ajuste nas instalações para receber a banda do Edson Quitaes.


7 - Então: estávamos nós com essa missão de chegar em Nova Venécia  e construir a Cabana Purunga (não me lembro quando ou como surgiu esse nome - o que sabíamos era que se chamaria Cabana Purunga).

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Para quem não conhece: o que é purunga? A purunga, também conhecida como cabaça, era muito utilizada na época pelos trabalhadores rurais, e tornava-se uma espécie de cantil para transportar água potável para as jornadas diárias na lavoura. A purunga (cabaça), tem uma propriedade que lhe é peculiar, que é a capacidade de preservação da temperatura da água colocada dentro dela.

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A seguir, fotos da purunga usada no baile.

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Purunga verde.

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Na foto, vocês podem ver uma


purunga  decorada  utilizada na festa.

No Baile  do Edson Quitaes 17/07/1971.

 


Cada mesa recebeu uma purunga decorada como a da foto acima - com um detalhe: foram decoradas pelas meninas, nossas irmãs e amigas, que tiveram uma participação importante no sucesso desse baile. 

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Purunga pronta

para colocar água 

SEQUÊNCIA  DA HISTÓRIA

DA CABANA PURUNGA

Gente, o mundo é feito de sonhos e aquelas pessoas que sonham conseguem fazer transformações na sociedade! John Lennon, Carlitos, Walt Disney e tantos outros acreditaram nos seus sonhos e foram em frente até os realizarem. Ciane era um sonhador com grande capacidade de liderança e fez acontecerem a Purunga, a Banda UH etc...
 

8 - Explicação do Ciane de como seria o projeto da Cabana Purunga:


"Nós vamos fazer a Cabana da seguinte maneira: será cercada de bambu e coberta de palha, as mesas serão feitas usando um peça de madeira roliça fincada no chão e usaremos uma táboa como tampo, pregada em cima dessa peça de madeira. Os bancos serão dois tocos fincados no chão, de cada lado da mesa, com uma táboa de 20 cm de de largura neles pregada. Além disso, faremos uma pista de dança com concreto magro e acabamento em cimento liso. Teremos, também, um palco para a apresentação da banda e, ao seu lado, ficará o bar. E, assim, fica definido o projeto. Agora vamos concretizar este sonho e fazer nascer a Cabana Purunga!"
 

9 - A caça aos bambus.

 

E lá fomos nós, na corroceria de um caminhão, à caça dos bambus. E eu falo caça porque não tínhamos combinado com nenhum proprietário rural que iríamos "invadir" suas terras e retirar algumas centenas de hastes de bambus. Uma coisa invejável em Ciane era a capacidade de comunicação e de liderança. Com o seu jeito de ser e com a lábia que lhe era peculiar, ele conseguia envolver todos na busca do objetivo, que era construir a Cabana Purunga em tempo recorde. Então, com aquele jeito dele ser, ele chegava e conseguia com os proprietários rurais a autorização para a retirada dos bambus.
 

Essa foi a parte mais tranquila, pois cortar bambus sem as ferramentas adequadas não foi uma tarefa fácil. Um personagem muito conhecido por todos nós também entrou nessa "fria": o José Walter estava de "bobeira" na rua e Ciane falou: "Entra aqui, Zé, vamos tirar bambus para construir a cabana!" Sempre que o encontro nas festas dos Venecianos Ausentes, eu falo para ele: "Que tal irmos tirar bambu?" Ele retruca: "Deixa isso pra lá, não quero nem lembrar!".

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Caramba! Eu lembro perfeitamente desse dia, pois todos subimos no caminhão e, sem ferramentas adequadas, partimos para a luta. O Ciane pensava em tudo e providenciou pelo menos uma centena de pães, e, se não me engano, tinha também manteiga, e seria essa nossa refeição, pois quem achava que iria voltar antes do almoço estava redondamente enganado! Acredito que fomos na direção do Refrigério e, por ali, conseguimos a quantidade de bambus suficiente para cercar a cabana. Para nossa sorte, só precisávamos fazer duas paredes, já que as duas outras seriam a própria parede do restaurante Caiçaras e o barranco existente na época. No final da tarde, retornamos para Nova Venécia com o caminhão cheio de bambus e nós sentados ou mesmo deitados sobre os mesmos.

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10- Teve uma segunda etapa, que foi a retirada das palhas de pindoba.  Dessas. eu só me lembro do caminhão chegando na obra carregado de palhas, mas não me lembro se foi só uma viagem delas; o que posso dizer é que foram suficientes para fazer a cobertura de toda a cabana.

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11 - A Obra

 

A obra propriamente dita, apesar da facilidade de sua execução, seria feita por amadores, em sua maioria estudantes que entendiam bem, na época, apenas de alterocopismo - levantamento de copos. Confesso que, nos primeiros dias, parecia a torre de Babel. Aos trancos e barrancos, conseguimos concluir a obra, e só me lembro que viramos muitas noites e costumávamos tirar cochilo na própria obra.  Lembro também que, um dia, lá pelas 4h da manhã, tiramos um cochilo no porão da casa do Geraldinho Contaratto (in memorium), pois a casa dele ficava bem em frente à cabana. Dormimos no chão e acordamos todos literalmente quebrados.

12 - A inauguração aconteceu no dia 13 de julho de 1971. Felizmente, minha irmã Maria da Glória - a  Goia - tem todas essas datas, pois ela tem um diário da Cabana Purunga. Senão, seria difícil relembrar.

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Aí, veio a melhor parte: era só alegria ver a Cabana Purunga  em pleno funcionamento, tocando músicas excelentes, os famosos Rock'n'roll, Twist e Bossa Nova, dentre outros gêneros musicais, e o que não faltava era animação, depois de toda a trabalheira. Ali, logo nos primeiros dias de funcionamento, deu para perceber seu estrondoso sucesso. Foi impressionante! Não me lembro de um só dia em que a Cabana não estivesse cheia e com muita animação. 


Porém, nem tudo são flores, é claro! Como a Cabana fora coberta com palha, não havia como protegê-la de chuvas mais pesadas, e aconteceu que, exatamente no dia da inauguração, choveu e vazou água para dentro dela em diversos pontos. Aí, foi aquele baixo astral e preocupação, pois teríamos que nos prevenir, já que poderia acontecer o mesmo durante a festa com a Banda do Edson Quintaes.

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13 - O Patrono

 

Foi aí que entrou o espírito de solidariedade de um homem que dispensa apresentações... Sim, ele, Zenóbio Libânio Rodrigues, o Tio Zeno, como carinhosamente era chamado - e meu pai! Ele disse: "Vocês podem contar comigo, eu financio a cobertura da Cabana!" E assim foi feito: a nossa Purunga foi coberta com telhas Eternit.

 

Lembro que, para que isso fosse possível, tivemos que refazer toda a estrutura de madeira para sustentação do novo telhado e, com isso, uma coluna de madeira teve que ser colocada, inevitavelmente, no meio da pista de dança. Então, como a turma gostava de se esbaldar nas danças embaladas pelo rock´n´roll da época, sempre alguém esbarrava nessa bendita coluna de madeira. Felizmente, com o tempo, todos, intuitivamente, já se desviavam para evitar a tal coluna.
 

14 - Daí pra a frente, foi só alegria! E tudo isso também se deve ao público da época, muito animado e antenado com o que acontecia no cenário nacional e internacional. Podemos dizer que, nessa época, Nova Venécia era uma só família. As músicas eram animadas e bem apropriadas para as famosas danças dos gêneros musicais em moda.
 

15 - A Festa com a Banda Edson Quintaes

 

Esse é um capítulo à parte!

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A vinda do Edson Quintaes seria o ponto alto que marcaria para sempre a Cabana Purunga e, lógico, muitas expectativas e ansiedades foram geradas. Pairava sobre nós aquela dúvida sobre se iriámos conseguir pagar a banda. Aí, uma coisa importante aconteceu: um verdadeiro exército de mulheres entrou em ação! O que essas meninas fizeram resultou no passaporte para o sucesso da festa. Todas elas eram nossas irmãs e amigas, a cidade inteira era uma turma só, muito animada. Elas fizeram cartazes com cartolina e pincel atômico. Esses cartazes, belíssimos, muito bem decorados, fizeram a divulgação da festa com uma das melhores bandas do Estado. Não vou, aqui, aventurar-me a nominar essas meninas, pois poderia, sem querer, deixar alguém de fora. Mas o papel delas na divulgação da festa foi fundamental! Só para terem uma ideia da criatividade delas: por iniciativa própria, espalharam cartazes pela cidade de Nova Venécia e pelas cidades vizinhas de São Gabriel, São Mateus, Colatina, Linhares e outras de que não me lembro. Essa divulgação, na época, contribuiu muito para o sucesso da festa.

 

16 - Eu não poderia deixar de destacar que, na decoração da Cabana, toda mesa recebeu como brinde um elemento decorativo: uma purunga decorada, como a que foi mostrada na foto. O baile com o Conjunto Edson Quintaes foi um grande sucesso de público: todas as mesas foram vendidas, asssim como muitos ingressos individuais. A Purunga ficou tão lotada que, na época, comentávamos  que "saía gente pelo ladrão".  No dia seguinte, eram só elogios pela maravilha que foi o baile com o Edson Quintaes. As pessoas que vieram de fora das cidades circunvizinhas também ficaram empolgadas e muitos se perguntavam como nós tínhamos conseguido fazer isso acontecer em tão pouco tempo. Ficamos impressionados com a quantidade de pessoas das cidades vizinhas. O que percebemos é que houve uma perfeita integração entre os venecianos e os demais visitantes dessas cidades. No dia seguinte, era comentário geral o tremendo sucesso que fora a festa com a Banda do Edson Quintaes.  Com um detalhe: o dinheiro arrecadado durante a festa foi suficiente para pagar a banda. 

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17 - Após o ponto alto com a Banda Do Edson Quintaes, a Cabana continuou a embalar as noites  das férias de Julho de 1971. A animação continuou e os frequentadores se esbaldavam com as músicas selecionadas pelo produtor musical das festas na época. Ao invés dos DJ de hoje, imperavam os Compact Disc Simples e Duplos e os LPs (bolaçhões), tocando músicas da época que lotavam a pista de dança ao som do Rock´n´Roll, do Twist, da Bossa Nova etc...

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18 - Então, o Ciane, sempre muito divertido e criativo, criou alguns prêmios que, na realidade, eram simbólicos. Um deles era o da maior frequentadora, que teve como vencedora a Neide Zaché. Outro era o Garota Purunga - a garota que mais dançava na cabana - a vencedora foi a Regina Almeida Monteiro (Regininha).

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Lembro que, na época, existia a música que era a mais tocada na Cabana - sim, aquela que todos nós tentamos lembrar agora e até hoje não conseguimos! Certa vez, essa música foi tocada aqui no apartamento de meu vizinho e me veio imediatamente à memória a Cabana Purunga. Pena que, na época, não tive a curiosidade de perguntar qual o nome da música que estava tocando. Já tentamos lembrar mas, até agora, sem êxito. O prêmio de maior dançarina da cabana tinha algo a ver  com essa famigerada música... quem sabe um dia, sem mais nem menos, ela volte na minha memória.  À medida que o tempo passa, acho que essa hipótese fica mais difícil.

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19 - The last day

 

O último  de funcionamento da Purunga foi marcado por casa cheia e muita animação da turma que continuava a todo vapor. Lógico que bateu aquele saudosismo, pois sentíamos que estávamos próximos de encerrar uma aventura que ficaria marcada para sempre em nossa geração e, por que não dizer, em nossos corações. A Cabana Purunga deixou sua marca e transcendeu tudo que já tínhamos feito até então. Esse último dia da Cabana Purunga também foi marcado pela despedida das férias, o que representava a volta às aulas e, nessa época, uma boa quantidade de jovens, como eu e grande parte de meus amigos, tinha que providenciar o retorno para Vitória, por exemplo...

 

Então, que tal fazemos uma paródia para a "Cabana Purunga", com a música do poeta Vinicius de Moraes: " A Casa"?

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A CABANA  -  CABANA PURUNGA ( Paródia de "A Casa", de Vinícius de Moraes)

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Uma cabana inusitada

Ela era toda bambu e palha

Ficava ao lado do Caiçaras 

Tinha uma turma muito animada

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Todos queriam entrar nela sim

Pois um bom som existia ali

Rolava whisky and a go-go

Playing twist  and rock'n'roll

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Ninguém podia fazer pipi

Porque banheiro não tinha ali

Uma cabana muito animada

Pista de dança bem disputada
 

Mas era feita com esmero pleno

Alí na rua do Tio zeno

Mas era feita com esmero pleno

Alí na rua do Tio zeno

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20 - O Fim - The End - Fica melhor em Inglês, para sentirmos menos.


Em poucas palavras, Ciane disse: "Temos que desmontar a Cabana, pois essa foi a única exigência do proprietário do terreno, Dr. Osmar."


E foi exatamente isso que nós  fizemos.


M E L A C O L I C A M E N T E ...

 

Isso foi feito da seguinte forma:


- Todas as mesas e os  bancos foram totalmente destruídas (os) ;


- O palco foi todo desmontado;


- A pista de dança foi destruída com picareta;


- Os bambus foram retirados e tudo mais que os prendiam;

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- As telhas de Eternit, assim como toda a estrutura de madeira do telhado, foram retirados  e entregues para o Tio Zeno, que financiara essa etapa importante da obra.

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Assim foi encerrada uma das mais espetaculares histórias de que tive a oportunidade e a felicidade de participar!

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A seguir, a história da música do vídeo "Rose Garden"

                     

 

                     HISTÓRIA DA MÚSICA ROSEN GARDEN

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"Antes, porém, isso merece um esclarecimento: quando fiz o vídeo da Cabana Purunga, e durante a realização do vídeo, ficamos atrás da música que marcou a cabana. Só que não conseguimos lembrar (o que era de se esperar), quando fiz a última tentativa, consultando a minha irmã Goia. Ela sugeriu a música "Rose Garden", e acabei utilizando-a no vídeo, apesar de não ser a procurada. Coincidentemente, no dia 29/12/2021, fui informado dessa história entre essa música e um participante da festa, fã dessa música. Vejam a seguir:

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Uma história inusitada, que aconteceu no Baile na Cabana Purunga com a música "Rosen Garden": a banda havia sido contratada para tocar até uma determinada hora e tinha um repertório a seguir (o que é muito normal nos bailes). Lá pelas tantas ,ao perceberem que a Cabana Purunga ainda estava lotada e que, logo logo, o tempo de contratação da banda iria expirar, deu-se início a uma negociação com a banda para dar uma esticada de algumas horas a mais no baile. Um dos participantes da festa insistia que a banda deveria tocar a música "Rosen Garden", e quando ele soube que a música "Rosen Garden" não seria tocada, pois não estava no repertório da banda, ele resolveu entrar na negociação e ofereçeu 80% do valor cobrado pela banda desde que a música "Rosen Garden" fosse tocada. Durante a negociação, as partes interessadas dentre elas  a banda, a direção da Cabana Purunga (se é que existia) e o tal participante da festa, chegaram a um acordo e a festa foi prorrogada incluindo a música"Rosen Garden", sendo que o participante bancou os 80% do cachê acertado com a banda. Segundo informações obtidas ao final da festa, a última música a ser tocada foi exatamente "Rosen Garden" e, inclusive, a emoção do participante foi tão grande que, ao ouvir a música, ele desabou em um choro incontrolável... Sem explicação, pois fã é fã e paga mico geral quando o assunto é ídolo, cada qual à sua maneira.   É  INCRÍVEL,  INACREDÍTAVAL..., porém aconteceu.
 

Encerramos a epopeia do que representou a Cabana Purunga, com esse breve histórico, prestando uma homenagem póstuma ao idealizador da obra:

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Luciayne Barcellos Bastos - CIANE

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Grande abraço a todos!
 

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Ciane - O idealizador

da Cabana Purunga

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